MARCIO ZONTA
Agravos ambientais e sociais colocam a mineradora entre as 5 piores do planeta por organizações internacionais
Uma das maiores mineradoras do mundo, a Vale, pode ser considerada nos próximos dias como a pior empresa do mundo na realização de sua atividade de mineração. Entre a Serra de Carajás, no sul paraense ao porto de Itaqui em São Luis, no Maranhão, a empresa foi denunciada por provocar devastação ambiental, trabalho escravo na cadeia de produção do aço, exploração sexual infantil, além da invasão de terras indígenas, quilombolas e camponesas.
A Rede Justiça nos Trilhos, International Rivers e Amazon Watch sãos as responsáveis pela indicação da empresa ao prêmio Public Eye Award (Olho do Público) organizado pelas ONGs Declaração de Berna e Greenpeace.
Conhecido como o “Oscar da Vergonha” o prêmio seleciona anualmente empresas com o pior comportamento social e ecológico. Esse ano a Vale concorre com a Sansung, Barclays, Freeport, Syngenta e Tepco. Independente do resultado, a empresa estará entre as cinco mais nefastas do mundo.
Agravos
Para as organizações que indicaram a Vale ao prêmio, a empresa vem a cada dia agravando problemas e conflitos entre Pará e Maranhão. “A mineradora entrou com um processo de impugnação administrativa contra o reconhecimento das terras quilombolas de Santa Rosa dos Pretos e Monge Belo no Maranhão, justamente interessada em suas terras para duplicação de seus trilhos que corta a comunidade”, revela o advogado da Rede Justiça nos Trilhos, Danilo Chammas.
A advogada revela que tal situação possibilita a entrada nas terras quilombolas por latifundiários para grilagem de terra e de madeireiros para derrubada de árvores sem nenhuma punição, já que a terra não foi ainda reconhecida.
“Uma série de irregularidades torna a situação dos quilombolas dessas duas comunidades problemática, pois a Vale sequer respeita a convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) 169 sobre povos indígenas e tribais, onde os quilombolas são representados, que determina a consulta prévia às comunidades para todo tipo de obra que os impactarem, pois se eles forem contra a obra ela não poderá acontecer, porém a Vale vem burlando tudo isso”, conclui Chammas.
A situação quilombola seria um dos exemplos da forma de atuação da mineradora. Pesquisa realizada em 2011 pelo jornalista Marques Casara, do Observatório Social, denunciou que carvoarias entre os municípios de Marabá (PA) e Imperatriz (MA) flagradas com trabalhadores escravos, abastecia o pólo siderúrgico, cuja Vale fornecia o minério.
“A mineradora não cumpre acordo firmado com o Ministério do Meio Ambiente em 2008 se comprometendo a não fornecer minério a siderúrgicas envolvidas em processos predatórios”, esclareceu Casara na época.
Por fim, dados das três organizações que a indicam ao prêmio, revelam que em 2009 foram 114 milhões de metros cúbicos de efluentes industriais e oleosos despejados nos rios e mares pela empresa. A mineradora utiliza para seus negócios, 1,2 bilhões de metros cubos de água por ano, correspondendo ao consumo médio de água de 18 milhões de pessoas.
A Vale está respondendo a 111 processos judiciais e 151 administrativos. É umas das empresas campeã de multa pelo IBAMA, no entanto, em 2009 não pagou nenhuma.
Para votar na pior empresa do mundo, basta acessar o site: http://www.publiceye.ch/en/vote/vale/
O texto "Vale pode ganhar título de pior empresa do mundo" foi originalmente publicado no jornal Brasil de Fato: http://www.brasildefato.com.br/node/8575
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