Nos últimos
tempos, o MST tem vivido com a incoerência do governo.
Cada vez mais aumenta o investimento no agronegócio em detrimento
da reforma agrária.
Em março de 2011,
o movimento iniciou uma luta na região norte do estado, onde as
famílias acampadas levaram para o governo do estado a demanda de
assentamento de mil famílias até o final do ano. Após essa
mobilização, foi fechado o acordo de que até setembro de 2011
seriam assentadas 400 famílias.
Chegando o mês de
setembro o governo não havia cumprido o acordo. As famílias
voltaram a se mobilizar, ocupando uma área em Viamão que era
utilizada para o plantio de maconha. Essa movimentação resultou na
conquista de uma área da secretaria de segurança no município de
charqueadas, além da promessa de que, em 10 dias, o governo
apresentaria a proposta de uma segunda área na região.
Passado esses 10
dias, não foi apresentado nenhuma proposta. As famílias
ocuparam, então, uma área da FEPAGRO, que há 17 anos está
sendo arrendado para particulares. Essa ocupação tinha o objetivo
de assentar as famílias em Eldorado, e também em uma segunda área,
que estava ociosa.
Depois de muita
pressão o governo fez mais um acordo com as famílias acampadas:
1. Seria permitido
ocupar parte da área de charqueadas imediatamente, e o restante da
terra seria liberado até junho de 2011.
2. O governo faria
um assentamento coletivo na área de eldorado e se constituiria um
grupo, a fim de discutir uma produção de arroz ecológico.
3. Seria realizado
o assentamento da área de Taquari.
Até hoje o governo
não cumpriu nenhum desses acordos. Mesmo assim, as famílias foram
ocupando as áreas, constituindo na prática os assentamentos.
Na última
semana, voltou-se atrás no acordo; devido à pressão da Federação
da Indústria e Comércio, quer-se vender a área de Eldorado. Em
Charqueadas, faz-se pressão para retirar do assentamento a melhor
parte da área ocupada.
As famílias
decidiram que não vão aceitar este retrocesso e se mobilizaram.
Além de ocuparem as áreas que tem direito, começaram a produzir
nelas. O GTUP foi solidário nesse momento; Visitamos o assentamento
de Eldorado, a fim de registrar a essa mobilização.
É vergonhosa a
atitude do governo. Retirar áreas, agora produtivas, que geraram
renda para dezenas de famílias, em favorecimento de grandes
companhias é no mínimo questionável; é realmente injusto.
O GTUP legitima a
luta dessas famílias mobilizadas. Esperamos que a partir desse
primeiro contato com o movimento, possamos trocar experiência e
construir juntos à esses companheiros uma grande relação de
solidariedade.
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