domingo, 20 de novembro de 2011
Copa do Mundo criou "cidades neoliberais", avaliam urbanistas
NAJLA PASSOS
Decisões político-urbanísticas estariam subordinadas a interesses privados nas doze capitais brasileiras que vão sediar partidas da maior competição esportiva do planeta em 2014. Despejo de comunidades carentes por causa de obras e controle do espaço público para atender patrocinadores seriam exemplos visíveis de predomínio da lógica mercantil.
RIO DE JANEIRO – Comitês populares criados nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 reclamam que a realização do megaevento – e também da Olimpíada de 2016 – está motivando intervenções nos municípios que extrapolam a seara esportiva de modo prejudicial a seus habitantes. Queixam-se que os espaços públicos estariam sendo mercantilizados, que a especulação imobiliária corre solta, que famílias estão sendo despejadas por causa das obras.
Este tipo de crítica não se limita a quem muitas vezes está sentindo os problemas na pele. Também encontra eco em urbanistas. "Estamos frente a um novo pacto territorial, redefinido por antigas lideranças paroquiais, sustentadas por frações do capital imobiliário e financeiro, e amparadas pela burocracia do Estado”, disse Orlando dos Santos Junior, mestre e doutor em Planejamento Urbano e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Santos Junior integra o Observatório das Metrópoles, um instituto virtual que reúne cerca de 150 pesquisadores na discussão de temas urbanos. Para ele, os megaeventos esportivos alteraram o processo decisório nas cidades. Investimentos públicos e privados orientam-se agora em função dos eventos, não das necessidades das pessoas. Corte de impostos, transferência de patrimônio imobiliário e remoção de comunidades de baixa renda seriam exemplos disso. “Essas remoções são espoliações, já que as aquisições são feitas por preços muito baixos”, afirmou.
Mestre em arquitetura e urbanismo, a professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Nelma Oliveira acredita que os megaeventos estão criando o que ela chama de “cidades neoliberais”. Nelas, decisões políticas e urbanísticas estariam subordinadas aos interesses privados. Isso seria visível nas regras de exploração comercial. “Existe um controle do espaço público para atender aos patrocinadores, que querem o espaço das cidades, e não apenas do estádio”, disse.
Além das comunidades carentes vítimas de remoção, Nelma aposta que trabalhadores informais e profissionais do sexo vão ser reprimidos. “Limpar a cidade e proibir a atuações desses grupos faz parte do processo de higienização das metrópoles”, afirmou a professora, que participou nesta sexta (18), junto com Santos Junior, de debate em seminário sobre comunicação que acontece no Rio.
Presente ao mesmo debate, o jornalista Paulo Donizetti, editor da Revista do Brasil, afirmou que os megaeventos deveriam ser uma oportunidade de a sociedade discutir políticas públicas. Mas o país não estaria aproveitando. “Qual poderia ser o legado humano desses eventos? Fala-se muito do legado físico, mas não se fala em aproveitar as Olimpíadas de 2016 e desenvolver uma política esportiva”, criticou.
Segundo ele, ao contrário de outros países latino-americanos, o Brasil não tem um programa esportivo universalizado. “Por que o esporte, no Brasil, é para poucos? Nós estamos preparando uma reportagem sobre a Copa e já descobrimos que 70% das escolas brasileiras não tem nenhuma quadra”, disse.
O texto "Copa do Mundo criou 'cidades neoliberais', avaliam urbanistas" foi originalmente publicado no site Carta Maior: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19000
O relógio que você tem no pulso
LAERTE BRAGA
Jornalista, mantém o blog Brasil MobilizadoÉ possível encontrar uma variedade incrível de relógios de pulso em oferta nas várias lojas do ramo. O distinto cidadão pode encontrar relógios com aparência de Cartier vendidos no camelô da esquina e autênticos Bugati onde ele cidadão distinto não tem acesso.
Há alguns anos atrás havia nos relógios movidos a corda uma peça chamada cabelo. Sensível, a peça era responsável pelo tic tac e deveria estar sempre regulado. Uma queda, por exemplo, poderia entortar o cabelo e pronto, era preciso trocá-lo.
Não sei se os relógios de hoje têm cabelo, acredito que não. Na era digital uma parte é fabricada na China por empresas que usam trabalho escravo, outra na Indonésia, com o mesmo perfil, algumas no Timor, enfim, a junção é feita num porto livre qualquer, Manaus por exemplo.
Em tempos passado um trabalhador de uma fábrica de relógios olhava o produto final na vitrine de uma loja e sabia que determinada peça fora posta por ele. Hoje não. Sumiram as referências, desapareceu a identidade do produto, sumiu a do trabalhador.
O PCB – Partido Comunista Brasileiro – (nada a ver com o PC do B S/A, empresa que atua no Ministério dos Esportes, em ONGs, UNE e outros departamentos), em sua Conferência Nacional realizada no fim de semana passada no Rio de Janeiro reafirmou a importância de um pacto de solidariedade internacional contra o imperialismo e o capitalismo.
É fácil entender isso, é necessário perceber o sentido desse pacto para o dia a dia do processo político e do seu papel na construção de outro processo maior, o da revolução socialista.
Longe de retomar uma linguagem que insistem em dizer superada – e o fazem exatamente para alienar, vender a ideia do espetáculo como modo de vida (e o espetáculo pode ser degradante e o é) – traz de volta o debate da essência do ser humano como tal.
Ser ou não rês. É o dilema.
Roger Noriega é um funcionário da diplomacia norte-americana especialista em golpes de estado, terrorismo de Estado, e chegou a ocupar o cargo de subsecretário do Departamento de Estado no governo de George Bush. Nesse mesmo período foi embaixador de seu país na OEA – Organização dos Estados Americanos.
A história do Brasil registra, pouco antes do golpe militar de 1964, a descarada tentativa dos Estados Unidos de intervir nas eleições de 1962 em nosso País. Foram eleitos senadores, deputados federais e estaduais, alguns governadores, prefeitos e vereadores.
Uma organização de nome INSTITUTO BRASILEIRO DE AÇÃO DEMOCRÁTICA se estruturou de uma forma impressionante (revistas, jornais, comprou boa parte da nossa mídia privada, juntou empresários arrecadando fundos a fundo perdido) e tocou as campanhas eleitorais da extrema-direita, tudo no afã de preparar o caminho para afastar o então presidente constitucional do Brasil, João Goulart.
As formas de assim o fazê-lo eram as de sempre. Escorados em mentiras e fatos que criavam, infundiam o medo e o alvo era o comunismo (comunistas comiam crianças e matavam idosos). Tinham a cumplicidade de boa parte da cúpula da Igreja Católica, ainda preponderante em nosso País. Num certo olhar perderam as eleições, noutro não. Aquilo era só um primeiro ato do golpe militar.
Roger Noriega deu uma entrevista para a revista VEJA, as tais página amarelas. Aquelas que no catálogo telefônico ou em VEJA vendem e compram tudo em função de interesses das elites políticas e econômicas do País.
Segundo Noriega e isso é uma patologia clássica dos norte-americanos e da extrema-direita, escolher um alvo, demonizá-lo e abrir espaços para intervenções que tanto podem ser no controle de governos (o governo Dilma oscila entre ser e não ser, a presidente é menor que o cargo que ocupa, foi a opção que restou ao PT, hoje um partido recheado de pelegos), mas escolhem um alvo e criam “realidades fantasmagóricas” em cima desses “fatos”, dessas “realidades” e deitam e rolam no que é de fato verdade. A ação imperialista e capitalista de um complexo militar e industrial associado ao setor financeiro, com o qual dominam o mundo.
Segundo Noriega, num delírio pensado, estudado, existem ligações entre o narcotráfico e o governo do Irã e por conta disso o Brasil não está imune a atentados terroristas, principalmente à época da Copa do Mundo, em 2014.
Noriega fala da “ação terrorista” na chamada Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Uruguai), mostra os riscos cada vez maiores diante da “teimosia” do governo brasileiro em não aceitar políticas conjuntas de combate a esse “terrorismo” e vai mais além.
Estende-se à Venezuela ao dizer que o presidente Hugo Chávez está doente, vai morrer em seis meses e os conflitos que se seguirão à “morte” de Chávez serão fatores determinantes para a intervenção militar dos EUA (petróleo).
Os EUA são uma grande mentira na megalomania de potência capaz de destruir o mundo cem vezes se necessário for com seu arsenal nuclear. É um arremedo de nação, um complexo terrorista associado e hora dominado por Israel.
Colocam seus coturnos fascistas na Comunidade Europeia a partir de colônias como a Grã Bretanha, a Alemanha e a França, subjugam gregos, italianos, portugueses e quem mais se opuser a seus apetites imperiais. Estendem esses tentáculos a África, ao Oriente Médio em ações de guerra fundadas em mentiras como no caso do Iraque, da Líbia, tanto quanto sustentam ditaduras como a da Arábia Saudita, do Iêmen e têm seu principal parceiro na região, Israel, enfim, a patologia capitalista não tem limites em sua insânia.
Nero quando quis um bode expiatório para suas loucuras tocou fogo em Roma, foi tocar harpa e culpou os cristãos. O que se seguiu foi a barbárie que a história registra. Hitler tascou fogo no Parlamento e culpou os comunistas. Foi o pretexto que necessitava para controle absoluto da Alemanha e mais tarde uma guerra que dizimou a Europa, matou milhões de pessoas.
Os EUA tanto inventam armas químicas e biológicas no Iraque, como “intervenção humanitária” na Líbia, suposto terrorismo no Brasil, numa espécie de rede que lhes permita manter o controle dos “negócios” e continuar sobrevivendo às custas da exploração sobre povos de todo o mundo.
VEJA, como a mídia privada brasileira (GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, RBS, ESTADO DE MINAS, ÉPOCA, etc) são apêndices, braços desse processo. Não têm escrúpulos, compromisso algum com o Brasil e os brasileiros. Mas com os que pagam.
Tanto faz que seja William Waack apontado pelo WIKILEAKS como agente norte-americano, ou o Bonner, que só disfarça essa característica, até porque, como disse a estudantes e professores de jornalismo que visitaram a redação do JORNAL NACIONAL, o telespectador “é um idiota”. Usou o eufemismo Homer Simpson.
E deve ter alguma razão, pois os índices de audiência a despeito de uma queda continuam altos e lhe permitem manter a liderança.
Do Brasil querem a água, o petróleo, o nióbio, todas as riquezas minerais, o controle total e absoluto, que significam em submissão plena de nossos governos, caso do governo FHC. Tomava broncas homéricas de Bil Clinton quando não fazia as “coisas certas”.
Dos brasileiros querem nos transformar em zumbis caminhando pelas ruas sem vontade, sem espírito crítico, medrosos e aceitando todo o poderio dos tênis NIKE, ou das mais variadas marcas de chicletes, acreditando que somos uma potência.
O desejo real é que sejamos a grande base dos EUA para toda a América Latina.
Nossas forças armadas em sua imensa e esmagadora maioria são subordinadas a Washington.
Não têm a menor preocupação com a soberania e a independência do Brasil, o discurso patriótico é canalha como afirma Samuel Johnson (o golpe de 1964 destruiu o que havia de digno nas forças armadas e a reconstrução é lenta).
Os braços desse complexo terrorista – EUA e ISRAEL – são muitos. O tratado de livre comércio assinado por Lula com Israel abriu as portas do Brasil a agentes da MOSSAD – serviço secreto de Israel, especialista em assassinatos, extorsões, tortura, etc – e permite que se infiltrem, a guisa de orientação, treinamento, etc, em instituições como a Polícia Federal, polícias estudais (militar e civil), em todos os setores chaves da economia (Israel controla a nossa indústria de armas), numa grande rede que vai se fechar quando submeterem o Brasil a seus interesses.
O caso do combate à corrupção, arma que usam sem pejo, mesmo sabendo que a corrupção é parte do capitalismo e do imperialismo. Investigações simples levariam para a cadeia figuras como José Sarney, José Serra, FHC, Aécio Neves, Geraldo Alkcimin, boa parte doa grandes banqueiros e empresários brasileiros, enfim, só não o fazem porque não o querem, são controlados, digamos assim, por esses interesses.
Roger Noriega lembra a figura sinistra de Dan Mitrione. O agente da CIA que em tempos de ditadura veio ensinar aos militares e aos grupos de repressão métodos de tortura, de investigação recheados de brutalidade e violência.
VEJA é o instrumento midiático usado para veicular e gerar esse medo, criar essa falsa realidade. Como o grupo GLOBO e toda a grande mídia.
O governo Dilma é só um amontoado de meu Deus me ajuda, tonto e perdido em meio a estatura política da presidente, menor que o cargo que ocupa, cheio de inconsequentes como o tal Lupi – Ministro do Trabalho – e que a cada dia serve-se em bandeja de alumínio, nem de prata é, a esses interesses e propósitos.
O Brasil cresce? Claro, mas como rabo de cavalo, para baixo, pois os donos de crescimento não são os brasileiros, com todo o argumento diminuição das camadas mais pobres ou excluídas.
Não somos senhores do nosso progresso que resta privilégio de grupos empresariais nacionais e internacionais. E esses não têm nem pátria e nem compromisso com a classe trabalhadora.
O pacto proposto pelo PCB em sua Conferência Nacional, o diagnóstico feito no evento, é perfeito em todos os sentidos e o tratamento só resultará em cura com a luta nas ruas, a organização popular, a construção do processo revolucionário. Um pacto de solidariedade anticapitalista e anti-imperialista.
E esse não será com alianças espúrias em função de eleições. O mundo institucional está falido.
Será nas ruas, mas longe de ser viável sem organização e diretrizes claras. Do contrário acontece o que aconteceu no Egito. Sai Mubarak, ficam os generais de Mubarak. Não muda nada.
A peça de relógio produto de trabalho escravo na China tem a ver com cada um de nós quando escolhemos um deles na vitrine. Ou compramos um “Cartier legítimo” no camelô.
Muito mais da metade das bolsas das madames paulistas que discutiram a USP num chá de fofocas é falsificada, a despeito das marcas pomposas. É a hipocrisia das elites, outra patologia do capitalismo.
O texto "O relógio que você tem no pulso" foi originalmente publicado no site Diário Liberdade: http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=21703:o-relogio-que-voce-tem-no-pulso&catid=295:livre-expressao&Itemid=21
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Saudação ao Povo Negro
NOTA POLÍTICA DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO
Minervino de Oliveira |
O Partido Comunista Brasileiro associa-se às celebrações pela passagem do Dia da Consciência Negra
O comprometimento de nosso partido para com as lutas pela valorização do negro brasileiro vem de longa data. Já em julho de 1930 denunciávamos a persistência de elementos de escravidão na situação real experimentada pelos negros do país, não obstante a tão propalada Abolição da Escravatura. Neste mesmo ano, nas eleições presidenciais, apresentamos ao povo a candidatura de Minervino de Oliveira, militante de nosso partido, que se tornou então o primeiro negro e o primeiro operário a disputar a presidência da república.
Em nossa Primeira Conferência Nacional de julho de 1934, realizada na mesma época em que se iniciava a propagação da tese da “democracia racial brasileira”, denunciávamos o racismo das classes dominantes e nos comprometíamos a apoiar todas as lutas pela igualdade de direitos econômicos, políticos e sociais de negros e índios.
Ainda em meados da década de 30, o intelectual comunista baiano Edison Carneiro iniciava uma vasta e significativa obra de investigação e resgate da cultura afro-brasileira, tornando-se um dos pioneiros em tal campo de estudos e uma referência fundamental até os dias de hoje. Este mesmo Edison Carneiro, com o apoio de outros intelectuais comunistas como Jorge Amado e Aydano do Couto Ferraz, criava, no ano de 1937, a União de Seitas Afro-Brasileiras, a primeira entidade criada no país com o objetivo de proteger e cultivar os valores e as tradições religiosas de matriz africana.
Na década de 1940, o PCB solidificou seu engajamento na luta contra o racismo e em defesa da cultura afro-brasileira. Sob sua legenda elegeu-se, em 1945, Claudino José da Silva, primeiro negro a exercer mandato parlamentar e primeiro constituinte negro da história do Brasil. Durante os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte de 1946, coube ao escritor e deputado comunista Jorge Amado a elaboração do projeto da primeira lei federal que estabeleceu a liberdade para a prática das religiões afro-brasileiras. Este período registra também a criação do Teatro Experimental do Negro, que tem como um de seus principais expoentes o ator, poeta e teatrólogo comunista Francisco Solano Trindade, que marcaria com sua atividade intensa a arte popular brasileira das décadas seguintes. Alguns anos mais tarde, apareceram os primeiros trabalhos de Clóvis Moura, então vinculado ao PCB, cuja produção aportaria uma importante contribuição aos estudos históricos e sociológicos sobre o negro no Brasil.
Se no passado nós comunistas estivemos presentes em praticamente todos os momentos relevantes da trajetória do povo negro brasileiro, no presente continuamos a apoiar e nos envolver com essas lutas. Apoiamos as reivindicações imediatas e conquistas parciais do movimento negro como o estabelecimento de reservas de vagas das universidades públicas, a titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos e o Estatuto da Igualdade Racial. No entanto, compreendemos que nenhuma destas conquistas parciais estará assegurada no futuro enquanto perdurarem: a) o esvaziamento e sucateamento das universidades públicas, a privatização e a mercantilização do ensino; b) o controle do Estado pelos grandes proprietários fundiários e a subordinação da política agrária do governo aos interesses do agro-negócio; c) a hegemonia dos interesses do grande capital nacional e internacional no interior da sociedade brasileira e a subordinação das necessidades do povo à lógica da acumulação capitalista.
Para que as atuais conquistas sejam mantidas e aprofundadas e para que novas sejam alcançadas é essencial que as lutas do povo negro, sem prescindir de sua especificidade, estejam combinadas às lutas gerais do povo e dos trabalhadores brasileiros. É necessário somar esforços aos movimentos em defesa de uma universidade pública gratuita e de qualidade, voltada para a resolução dos problemas nacionais e para a promoção social das classes populares, apoiar as ações contra o monopólio da propriedade da terra pelos grupos latifundiários e por uma reforma agrária ampla e radical, mobilizar-se enfim, por um poder político que seja a encarnação da vontade de negros e negras, trabalhadores das cidades e dos campos, pequenos proprietários urbanos e rurais, artistas e intelectuais avançados.
Salve o Dia da Consciência Negra!
PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)
O comprometimento de nosso partido para com as lutas pela valorização do negro brasileiro vem de longa data. Já em julho de 1930 denunciávamos a persistência de elementos de escravidão na situação real experimentada pelos negros do país, não obstante a tão propalada Abolição da Escravatura. Neste mesmo ano, nas eleições presidenciais, apresentamos ao povo a candidatura de Minervino de Oliveira, militante de nosso partido, que se tornou então o primeiro negro e o primeiro operário a disputar a presidência da república.
Em nossa Primeira Conferência Nacional de julho de 1934, realizada na mesma época em que se iniciava a propagação da tese da “democracia racial brasileira”, denunciávamos o racismo das classes dominantes e nos comprometíamos a apoiar todas as lutas pela igualdade de direitos econômicos, políticos e sociais de negros e índios.
Ainda em meados da década de 30, o intelectual comunista baiano Edison Carneiro iniciava uma vasta e significativa obra de investigação e resgate da cultura afro-brasileira, tornando-se um dos pioneiros em tal campo de estudos e uma referência fundamental até os dias de hoje. Este mesmo Edison Carneiro, com o apoio de outros intelectuais comunistas como Jorge Amado e Aydano do Couto Ferraz, criava, no ano de 1937, a União de Seitas Afro-Brasileiras, a primeira entidade criada no país com o objetivo de proteger e cultivar os valores e as tradições religiosas de matriz africana.
Na década de 1940, o PCB solidificou seu engajamento na luta contra o racismo e em defesa da cultura afro-brasileira. Sob sua legenda elegeu-se, em 1945, Claudino José da Silva, primeiro negro a exercer mandato parlamentar e primeiro constituinte negro da história do Brasil. Durante os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte de 1946, coube ao escritor e deputado comunista Jorge Amado a elaboração do projeto da primeira lei federal que estabeleceu a liberdade para a prática das religiões afro-brasileiras. Este período registra também a criação do Teatro Experimental do Negro, que tem como um de seus principais expoentes o ator, poeta e teatrólogo comunista Francisco Solano Trindade, que marcaria com sua atividade intensa a arte popular brasileira das décadas seguintes. Alguns anos mais tarde, apareceram os primeiros trabalhos de Clóvis Moura, então vinculado ao PCB, cuja produção aportaria uma importante contribuição aos estudos históricos e sociológicos sobre o negro no Brasil.
Se no passado nós comunistas estivemos presentes em praticamente todos os momentos relevantes da trajetória do povo negro brasileiro, no presente continuamos a apoiar e nos envolver com essas lutas. Apoiamos as reivindicações imediatas e conquistas parciais do movimento negro como o estabelecimento de reservas de vagas das universidades públicas, a titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos e o Estatuto da Igualdade Racial. No entanto, compreendemos que nenhuma destas conquistas parciais estará assegurada no futuro enquanto perdurarem: a) o esvaziamento e sucateamento das universidades públicas, a privatização e a mercantilização do ensino; b) o controle do Estado pelos grandes proprietários fundiários e a subordinação da política agrária do governo aos interesses do agro-negócio; c) a hegemonia dos interesses do grande capital nacional e internacional no interior da sociedade brasileira e a subordinação das necessidades do povo à lógica da acumulação capitalista.
Para que as atuais conquistas sejam mantidas e aprofundadas e para que novas sejam alcançadas é essencial que as lutas do povo negro, sem prescindir de sua especificidade, estejam combinadas às lutas gerais do povo e dos trabalhadores brasileiros. É necessário somar esforços aos movimentos em defesa de uma universidade pública gratuita e de qualidade, voltada para a resolução dos problemas nacionais e para a promoção social das classes populares, apoiar as ações contra o monopólio da propriedade da terra pelos grupos latifundiários e por uma reforma agrária ampla e radical, mobilizar-se enfim, por um poder político que seja a encarnação da vontade de negros e negras, trabalhadores das cidades e dos campos, pequenos proprietários urbanos e rurais, artistas e intelectuais avançados.
Salve o Dia da Consciência Negra!
PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)
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quinta-feira, 10 de novembro de 2011
UJC REPUDIA INVASÃO DA USP!
NOTA DA COORDENAÇÃO NACIONAL DA UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA
A Coordenação nacional da UJC vem a público repudiar veementemente a invasão do campus da USP pelas tropas da polícia militar, por solicitação do reitor dessa instituição.
Tal operação se transformou em um grande espetáculo midiático, chegando ao cúmulo de mobilizar mais de 400 policiais, 50 viaturas, helicópteros e tropa de choque contra alguns estudantes desarmados que estavam ocupando a reitoria, culminando na prisão de dezenas deles.
Este ato lamentável de truculência é uma mensagem muita clara para todos os estudantes, professores e trabalhadores da universidade: a criminalização de qualquer movimento social. Esta criminalização na USP fica ainda mais nítida com a política capitaneada pela reitoria e o governo do Estado de São Paulo com relação à onda de militarização através das ações da PM na Universidade. Criminalização de movimentos em defesa da universidade pública que é também expressão do processo de privatizações que assola a própria lógica interna da universidade pública brasileira
A União da Juventude Comunista conclama entidades e personalidades democráticas, progressistas e de esquerda a se somar à luta pela não punição, penal e administrativa, dos estudantes que foram presos, pela autonomia universitária, pela retirada das tropas das polícias militares desta e de todas as universidades brasileiras, com abertura de concurso público para guardas desarmados com função definida pela comunidade universitária e pela imediata destituição do reitor da USP.
Coordenação Nacional da UJC
"Veem? Esta é a borracha de apagar ideologias" |
Tal operação se transformou em um grande espetáculo midiático, chegando ao cúmulo de mobilizar mais de 400 policiais, 50 viaturas, helicópteros e tropa de choque contra alguns estudantes desarmados que estavam ocupando a reitoria, culminando na prisão de dezenas deles.
Este ato lamentável de truculência é uma mensagem muita clara para todos os estudantes, professores e trabalhadores da universidade: a criminalização de qualquer movimento social. Esta criminalização na USP fica ainda mais nítida com a política capitaneada pela reitoria e o governo do Estado de São Paulo com relação à onda de militarização através das ações da PM na Universidade. Criminalização de movimentos em defesa da universidade pública que é também expressão do processo de privatizações que assola a própria lógica interna da universidade pública brasileira
A União da Juventude Comunista conclama entidades e personalidades democráticas, progressistas e de esquerda a se somar à luta pela não punição, penal e administrativa, dos estudantes que foram presos, pela autonomia universitária, pela retirada das tropas das polícias militares desta e de todas as universidades brasileiras, com abertura de concurso público para guardas desarmados com função definida pela comunidade universitária e pela imediata destituição do reitor da USP.
Coordenação Nacional da UJC
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Malditos comunistas!
JOSÉ ROBERTO TORERO
Formado em Letras e Jornalismo pela USP, escritor, diretor, roteirista de cinema/TV e colunista de futebol na Folha de S.Paulo
Em Cuba, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado. Pô, assim não vale! Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza. Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.
Mais uma vez!
Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.
Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.
Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.
Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.
Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?
Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.
A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.
Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.
Tudo para fazer propaganda comunista!
Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.
Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.
E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.
Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.
A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.
Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.
Pô, assim não vale!
Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.
Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.
Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Malditos comunistas...
Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.
Mais uma vez!
Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.
Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.
Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.
Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.
Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?
Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.
A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.
Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.
Tudo para fazer propaganda comunista!
Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.
Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.
E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.
Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.
A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.
Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.
Pô, assim não vale!
Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.
Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.
Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Malditos comunistas...
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PRIMEIRO DE MAIO
LILA RIPOLL
Poetisa e educadora gaúcha (1905-1967)
Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
"Morreram? Quem disse se vivos estão!
Não morre a semente lançada na terra.
Os frutos virão." (Lila Ripoll)
Neste Dia de Finados a UJC Porto Alegre relembra os comunistas "semeados" pelo solo brasileiro!
Os camaradas se vão, porém os seus belos exemplos ficam!
Ora postamos o poema "Primeiro de Maio" da camarada Lila Ripoll,
no qual a poetisa gaúcha faz uma homenagem
aos camaradas tombados em Rio Grande nas atividades de 1º de maio de 1950.
Não morre a semente lançada na terra.
Os frutos virão.
Morreram? Quem disse, se vivos estão!
As flores de hoje, darão novos frutos.
Meus olhos verão.
Num dia, tão certo, tão claro, tão perto,
Verei pelas ruas o povo ondulando,
marchando a cantar.
Nas mãos estandartes, a febre nos olhos,
nos lábios palavras de claro sentido:
“Poder popular!”
Figuras do povo nos grandes cartazes -
Euclides e Recchia, Honório, Angelina -
que grande emoção!
As flores caindo das altas janelas,
floridas também. E as palmas ecoando
no meu coração!
O nome de Prestes, num ritmo exato,
por todos cantado, sonoro, sem manchas,
na tarde a vibrar.
As flâmulas altas, de cores variadas,
nos mastros subindo, descendo, ondulando,
e o vento a girar.
Mistura de vozes - de velhos, crianças,
De homens,mulheres, do povo nas ruas,
do povo a cantar.
A grande alegria caindo dos olhos,
Das vozes, das flores, do dia sem nuvens:
“Poder Popular!”
Num dia, tão perto, tão claro, tão certo,
Meus olhos verão.
Não morre a semente lançada na terra.
Os frutos virão!
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TODOS QUEREMOS O MELHOR! (OU A OPÇÃO DE LULA PELO HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS)
ANTONIO CARLOS MAZZEO
Professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Membro do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
"Gente é muito bom
Gente deve ser o bom
Gente deve ser o bom
Tem de se cuidar
De se respeitar o bom
Está certo dizer que estrelas
Estão no olhar..."
Caetano Veloso
Criou-se uma polêmica em relação ao tratamento de Lula no hospital Sírio-Libanês, um dos melhores do país e da América Latina e, é claro, um dos mais caros. Obviamente não estamos aqui, entrando no mérito do direito humano intrínseco do ex-presidente tratar de sua grave doença.
A questão que se coloca é outra. Melhor dizendo é de fundo, pois política e simbologicamente, a opção de tratamento de Lula em hospital de referência internacional envolve o problema de milhões de brasileiros que não podem optar pelo melhor. Daí esta constituir uma questão de alto interesse nacional.
Mas é preciso dizer que Lula não foi o único a optar por este hospital, basta lembrar de seu vice-presidente, assim como Sarney e tantos outros membros da "elite" política nacional, também foram atendidos nesse nosocômio de fina estampa.
A pergunta é porque aqueles que tem condições econômicas para pagar um bom plano particular não optam pelo serviço público de saúde? Obviamente não vou responder à essa pergunta emblemática, pois é sabido que cotidianamente milhares de brasileiros morrem nas filas dos hospitais esperando atendimento, em estruturas de saúde abandonadas e precárias, mães em trabalho de parto, doentes crônicos, acidentados, anciãos, crianças, etc, todos pertencentes à classe trabalhadora e pagadores de seus impostos que, infelizmente, não são revertidos em melhoria da estrutura de saúde, de educação, de moradia, de transporte, de infraestrutura urbana, e assim por diante.
Coloca-se, então, uma pergunta moral e política: até quando o país vai tolerar a saúde, a educação, o transporte e a infraestrutura estratificada e "privilegiante", se todos somos iguais perante à lei e ao direito cidadão?
Seguramente a resposta não será aquela medíocre e irresponsável que o "sociólogo" Fernando Henrique Cardoso encontrou para defender seu adversário político, quer dizer, para defender o privilégio que é seu também. Não é o "recalque" das pessoas mas sim a indignação!
Melhor ainda, a indignidade com que a classe que dirige o país trata os trabalhadores, ainda com os resquícios cruéis da senzala, materializados nas escolas sem estruturas, nos professores mal pagos, numa política de saúde que não dá ao trabalhador a chance de sobreviver à doenças mais banais, em que os hospitais se assemelham a açougues.
Não é de Lula apenas que estamos cobrando a socialização da dignidade, mas do conjunto das políticas sociais atravancadas nas salas dos parlamentares da ordem, em sua maioria, mancomunados com interesses escusos dos empresários da educação, da saúde, da infraestrutura, dos transportes e sabe lá quantos outros interesses ocultos.
O Brasil é um país rico, mas com um povo pobre. A burguesia, tampouco sua aliada, a social-democracia petista, resolveram as questões estruturais do país porque as duas forças políticas aliam-se e fazem parte do projeto de modernização conservadora de vezo capitalista. A social-democracia tardia tenta, de todas as formas, maquiar o problema, inventando o falacioso conceito de "nova classe média" brasileira, mas os dados negam a demagogia do governo do PT e de seus aliados: 28% (aproximadamente 16 milhões) da população brasileira vive abaixo da linha de pobreza, recebendo em média R$ 70,00 por mês. 43% (aproximadamente 80 milhões) vivem na pobreza, recebendo cerca de R$ 140,00 por mês. No total, temos 96 milhões de brasileiros vivendo na pobreza extrema, em que pesem ai, os programas de bolsa-família, pois com R$ 140,00 mês ou com o salário mínimo de R$ 545,00 é impossível viver com dignidade.
De modo que a maioria esmagadora dos brasileiros não pode fazer a opção de qualidade que fez Lula, para seu tratamento de saúde, assim como não pode matricular seus filhos nas melhores escolas. Para que tenhamos uma ideia, um bom plano de saúde que dê direito a hospitais como Sírio-Libanês, São Luís, Albert Einstein e outros de igual qualidade, para uma família média de 4 pessoas, não sai menos que R$ 1.500, mês. Uma escola considerada de qualidade em São Paulo, tem como mensalidade uma média que varia de R$ 1.700,00 a R$ 2.000,00 por mês.
Com essas distorções perversas não é de se admirar o surgimento das controvésias em relação à opção de Lula por ser tratado de sua enfermidade no hospital Sírio-Libanês. Que me desculpem os amigos, mas não consigo ver de outro modo que não o indignado a estratificação dos direitos básicos das pessoas. Não posso aceitar que para uma minoria sejam dados todos os recursos e todas as estruturas para o acesso à saúde, educação, moradia e transportes e para a maioria a opção do "menos pior", quando isso é possível.
Há algo de errado nisso tudo, e sabemos suas causas. Cabe-nos agora, a organização das condições objetivas e subjetivas para que todos tenhamos a opção pelo melhor e, aviso, ninguém nos dará isso de mãos beijadas.
A questão que se coloca é outra. Melhor dizendo é de fundo, pois política e simbologicamente, a opção de tratamento de Lula em hospital de referência internacional envolve o problema de milhões de brasileiros que não podem optar pelo melhor. Daí esta constituir uma questão de alto interesse nacional.
Mas é preciso dizer que Lula não foi o único a optar por este hospital, basta lembrar de seu vice-presidente, assim como Sarney e tantos outros membros da "elite" política nacional, também foram atendidos nesse nosocômio de fina estampa.
A pergunta é porque aqueles que tem condições econômicas para pagar um bom plano particular não optam pelo serviço público de saúde? Obviamente não vou responder à essa pergunta emblemática, pois é sabido que cotidianamente milhares de brasileiros morrem nas filas dos hospitais esperando atendimento, em estruturas de saúde abandonadas e precárias, mães em trabalho de parto, doentes crônicos, acidentados, anciãos, crianças, etc, todos pertencentes à classe trabalhadora e pagadores de seus impostos que, infelizmente, não são revertidos em melhoria da estrutura de saúde, de educação, de moradia, de transporte, de infraestrutura urbana, e assim por diante.
Coloca-se, então, uma pergunta moral e política: até quando o país vai tolerar a saúde, a educação, o transporte e a infraestrutura estratificada e "privilegiante", se todos somos iguais perante à lei e ao direito cidadão?
Seguramente a resposta não será aquela medíocre e irresponsável que o "sociólogo" Fernando Henrique Cardoso encontrou para defender seu adversário político, quer dizer, para defender o privilégio que é seu também. Não é o "recalque" das pessoas mas sim a indignação!
Melhor ainda, a indignidade com que a classe que dirige o país trata os trabalhadores, ainda com os resquícios cruéis da senzala, materializados nas escolas sem estruturas, nos professores mal pagos, numa política de saúde que não dá ao trabalhador a chance de sobreviver à doenças mais banais, em que os hospitais se assemelham a açougues.
Não é de Lula apenas que estamos cobrando a socialização da dignidade, mas do conjunto das políticas sociais atravancadas nas salas dos parlamentares da ordem, em sua maioria, mancomunados com interesses escusos dos empresários da educação, da saúde, da infraestrutura, dos transportes e sabe lá quantos outros interesses ocultos.
O Brasil é um país rico, mas com um povo pobre. A burguesia, tampouco sua aliada, a social-democracia petista, resolveram as questões estruturais do país porque as duas forças políticas aliam-se e fazem parte do projeto de modernização conservadora de vezo capitalista. A social-democracia tardia tenta, de todas as formas, maquiar o problema, inventando o falacioso conceito de "nova classe média" brasileira, mas os dados negam a demagogia do governo do PT e de seus aliados: 28% (aproximadamente 16 milhões) da população brasileira vive abaixo da linha de pobreza, recebendo em média R$ 70,00 por mês. 43% (aproximadamente 80 milhões) vivem na pobreza, recebendo cerca de R$ 140,00 por mês. No total, temos 96 milhões de brasileiros vivendo na pobreza extrema, em que pesem ai, os programas de bolsa-família, pois com R$ 140,00 mês ou com o salário mínimo de R$ 545,00 é impossível viver com dignidade.
De modo que a maioria esmagadora dos brasileiros não pode fazer a opção de qualidade que fez Lula, para seu tratamento de saúde, assim como não pode matricular seus filhos nas melhores escolas. Para que tenhamos uma ideia, um bom plano de saúde que dê direito a hospitais como Sírio-Libanês, São Luís, Albert Einstein e outros de igual qualidade, para uma família média de 4 pessoas, não sai menos que R$ 1.500, mês. Uma escola considerada de qualidade em São Paulo, tem como mensalidade uma média que varia de R$ 1.700,00 a R$ 2.000,00 por mês.
Com essas distorções perversas não é de se admirar o surgimento das controvésias em relação à opção de Lula por ser tratado de sua enfermidade no hospital Sírio-Libanês. Que me desculpem os amigos, mas não consigo ver de outro modo que não o indignado a estratificação dos direitos básicos das pessoas. Não posso aceitar que para uma minoria sejam dados todos os recursos e todas as estruturas para o acesso à saúde, educação, moradia e transportes e para a maioria a opção do "menos pior", quando isso é possível.
Há algo de errado nisso tudo, e sabemos suas causas. Cabe-nos agora, a organização das condições objetivas e subjetivas para que todos tenhamos a opção pelo melhor e, aviso, ninguém nos dará isso de mãos beijadas.
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